Sabará

Turismo Brasileiro no Ar visitou a cidade de Sabará, a 16km de Belo Horizonte, que possui um dos mais expressivos acervos de igrejas setecentistas de Minas Gerais. Visitar esta cidade com mais de 130 mil habitantes hospitaleiros, é um programa obrigatório para quem quer conhecer um pouco mais da nossa história. Caminhamos por suas ruas que misturam o passado e o presente, conhecendo suas igrejas e construções que marcam sua formação, cuja origem foi ter sido arraial de bandeirantes no fim do século 17, sendo elevada a vila, em 1711, com o nome de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, até finalmente se tornar cidade, em 1838.  

A história de Sabará está ligada à descoberta de ouro na região, então conhecida como Sabarabuçu, em finais do século XVII. Borba Gato foi um bandeirante paulista de grande importância neste processo, já que ele foi o descobridor do ouro as margens do Rio das Velhas. Logo após a descoberta, Borba Gato foi o responsável por controlar as lavras, enviando os impostos devidos para a Coroa Portuguesa. Ele era genro do também bandeirante Fernão Dias. Predomina, hoje, a versão de que, quando o bandeirante paulista lá chegou, já encontrou uma povoação e que o núcleo urbano por ele criado foi, na verdade, Santo Antônio do Bom Retiro da Roça Grande, que está um pouco antes da entrada de Sabará, do outro lado do Rio das Velhas.

Igrejas Setecentistas

Nossa visita a Sabará não poderia ter começado melhor, ao conhecermos a encantadora Igreja de N. Sra. das Mercês, construída em 1730 por escravos, chamados na época de mulatos, que eram filhos de brancos da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, e que por não poderem frequentar os templos existentes, construíram essa belíssima igreja. Quem nos recepcionou, abrindo suas portas, foi Elmo Lopes, morador de Sabará, engenheiro que atua na área da área de mineração, voluntário que há 12 anos cuida e recepciona os visitantes, ele que é um dos integrantes da Comissão Paroquial Comunitária de Sabará – CPC, que tem o objetivo de preservar as igrejas da cidade de Sabará, sem nenhuma interferência do poder público. 

Elmo Lopes, voluntário que há 12 anos cuida da Igreja de Nossa Senhora das Mercês.

Elmo Lopes nos mostrou um templo de arquitetura aparentemente simples, mas que transmite uma energia singular, que segue tendências das primeiras ermidas mineiras, levantadas no período. Sua fachada representa a arquitetura típica das primeiras construções religiosas de Minas. Em 1781, passou por uma grande restauração. Os dois altares laterais junto ao arco-cruzeiro são elaborados em tábuas lisas, sem decoração. A igreja  se destaca na paisagem de Sabará, na Rua da Intendência, em frente a casa de Elmo Lopes. 

A Ordem Real e Militar de Nossa Senhora das Mercês da Redenção dos Cativos foi fundada na Espanha por São Pedro Nolasco e São Raimundo Penaforte, com a intenção de libertar os cativos na época em que a Península Ibérica estava dominada em grande parte pelos mouros. No Brasil, o culto se difundiu principalmente entre os escravos. Em Minas Gerais, praticamente, em cada vila mineira existiram irmandades de Nossa Senhora das Mercês. Em 1781, a igreja passou por uma grande reforma, quando a imagem da padroeira foi trasladada para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Em 1822, as obras ainda não estavam concluídas. O frontispício simples segue o padrão dos templos mineiros da primeira metade do século 18. Sua decoração interna é desprovida de elementos decorativos. Os retábulos são compostos apenas de madeiras lisas. Algumas peças antigas de imaginária valorizam os retábulos.

Visitar esta igreja é um programa imperdível, mas segundo Elmo Lopes, os guias de turismo privilegiam outras igrejas, como a de Nossa Senhora do Ó. “Os guias alegam que a Rua da Intendência é muito íngreme, o que dificulta o acesso; outra argumentação é que a construção é muito simples, e não chama a atenção, o que não concordo”, diz Elmo Lopes.

Para visitar a Nossa Senhora das Mercês

Você indo a Sabará, não deixe de visitar a linda Igreja de Nossa Senhora das Mercês, basta procurar Elmo Lopes na Rua da Intendência, número 106, e o celular (31) 99903-8871. Cada turista paga apenas uma taxa de R$ 5,00 (Cinco Reais), para manutenção da igreja.

Outras igrejas importantes para visitar

A Igreja de Nossa Senhora do Ó é a mais procurada em Sabará. Não se engane pela simplicidade externa. O seu interior é de uma beleza marcante. de 1717, que também visitamos, sendo ela uma das mais representativas do barroco mineiro, com influência chinesa em sua arquitetura externa e na decoração interna, o seu nome é devido às ladainhas de Nossa Senhora que sempre começam com o Ó e seguem com algum louvor ou agradecimento.

Nossa Senhora do Carmo de 1763, tem várias obras de Aleijadinho. A edificação desse templo se deve à Ordem Terceira do Carmo e as obras foram contratadas com o mestre Tiago Moreira, autor do risco. A pedra fundamental foi lançada em 16 de junho de 1763. Cinco anos depois o projeto original do frontispício foi alterado com as modificações na fachada que consistiram na utilização da pedra de cantaria nos pilares das torres, cunhais e enquadramento dos vãos. Entre 1771 e 1774 Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, junto a outros, executou as obras. A ele são atribuídas a autoria dos belíssimos trabalhos de escultura que adornam o frontispício, sobretudo a portada. Em frente à Igreja se encontra o Cemitério, construído após a Portaria Imperial de 1825 considerar insalubre o sepultamento no piso dos templos. 

Nossa Senhora da Conceição de 1710, matriz da cidade, localizada na praça Getúlio Vargas (cidade antiga). Ela apresenta uma das mais belas talhas da arte barroca mineira. Justamente por isso foi considerada uma das mais ricas matrizes do período setecentista. Sua peculiaridade, com relação a outras matrizes de Minas, é a presença de três naves. Seu interior possui um fino acabamento e pinturas de influência oriental. É um dos templos mais antigos de Minas Gerais.

.Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de 1713, inacabada pelos escravos da Irmandade dos Homens Negros da Barra do Sabará, os quais a construíram e pararam a partir da abolição da escravidão em 1888.

.Igreja de Nossa Senhora da Assunção, no distrito de Ravena, também do século XVIII. Localizada no antigo arraial da Lapa, possui registro de batismo de 1727, o que indica que sua construção se deu antes dessa data. Possui inestimável tesouro barroco e foi elevada à condição de Matriz em 1855. Em 2010 passou por um processo de recuperação pelo IEPHA;

.São Francisco de 1781, possui sala-consistório, sacristia na parte posterior, tribuna na capela-mor, púlpitos no arco-cruzeiro além de a maior altura da nave entre as igrejas da cidade;

.Capela de Sant’Ana de 1747, localizada no Arraial Velho, primeiro povoamento a se formar em Sabará, onde Borba Gato possuía lavra de ouro. No adro há um sino com inscrição de 1759. Sua decoração interior é em estilo Dom João V. com as paredes em canga de pedra à vista. É um dos possíveis locais de sepultamento do bandeirante Borba Gato.

Várias capelas, tais como a de Santo Antônio, no distrito de Pompéu, a de Nossa Senhora do Rosário em Ravena, a de Nossa Senhora do Pilar no Terra Santa e a do Nosso Senhor Bom Jesus no Morro da Cruz;

Além das capelas dos Passos, espalhadas pela cidade.

Como chegar a Sabará

Saindo de Belo Horizonte, Sabará está a 16km, e você pode pegar o ônibus 4988, na Rua dos Tamoios, a passagem custa R$ 9 Reais, e dura cerca de meia hora. Viagem muito tranquila e você desde pertinho do Centro histórico.